Mãe do bebê deixado em prédio público de Filadélfia rompe o silêncio: “Foi um surto. Eu mesma fiz o parto. Deus nos salvou”

Bebê foi deixado pela a mãe na garagem da Prefeitura de Filadélfia. – Foto: Divulgação
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A mãe do bebê encontrado no dia 12 de junho na garagem da Prefeitura de Filadélfia (TO) decidiu falar em condição de anonimato, ela compartilhou com exclusividade ao JF, um relato comovente sobre os momentos que antecederam e sucederam o episódio que chocou a cidade e mobilizou autoridades.
A mulher, que já era mãe de uma criança de dois anos e quatro meses, conta que vivia uma vida "normal", com trabalho, casa própria e apoio da família. Porém, o segundo filho chegou de forma inesperada.
“A barriga não cresceu como deveria, eu não acreditava que estava grávida e, por isso, não compartilhei com ninguém”, relata.
Segundo ela, tudo mudou quando, sozinha, entrou em trabalho de parto em casa. “Meu parto foi feito por Deus e por mim. Quando me dei conta, estava com a criança nos braços. Foi um milagre termos sobrevivido.”
Desorientada, em profundo estado de choque e vivendo uma crise depressiva, ela tomou a decisão de deixar o bebê em um local público onde alguém pudesse encontrá-lo.
“Vi uma pessoa e acreditei que ele seria socorrido. Era como se eu estivesse anestesiada. Não conseguia pensar em hospital, ajuda, nada. Foi um surto.”
Depois de sair do local, ainda chorando muito e confusa, quase sofreu um acidente na estrada.
“Minha vista estava afetada. Eu pensava em voltar para buscá-lo, mas ainda nem acreditava que eu tinha feito um parto sozinha.”
Ao chegar em casa, o desespero tomou conta. A família, que até então não sabia de nada, descobriu pela internet. Sua irmã foi até sua casa e, diante de seu estado emocional, decidiu permanecer ao seu lado.
“Eu só chorava. Dizia que iria me matar. Ela ficou comigo até nossa mãe chegar.”
No dia seguinte, com apoio da família, a mãe do bebê se apresentou espontaneamente à delegacia de Filadélfia. Lá, prestou depoimento e, logo depois, foi até a casa de apoio onde a criança estava abrigada.
“Fomos também à defensoria lutar pela guarda dele. Jamais desistiremos.”
Desde então, ela iniciou tratamento médico e psicológico. Foi diagnosticada e hoje segue medicada, em acompanhamento com psiquiatra e psicólogo.
“Ainda não entendo por que tudo isso aconteceu, mas Deus sempre esteve conosco. Hoje estou bem. A culpa existe, mas o arrependimento não me paralisa mais.”
Sobre o estado de saúde do filho, a resposta foi firme e breve:
“Meu filho está bem cuidado, saudável e amado, graças a Deus. É o que tenho pra falar sobre o estado dele.”
Como lida com os julgamentos? Ela foi questionada sobre os comentários nas redes sociais. A resposta veio com fé e desabafo:
“No início foi muito difícil pra mim. Ainda hoje é, mas não tanto como nos primeiros dias. Tive medo de alguém fazer mal conosco, pois não sabemos até onde pode ir a maldade humana. Por isso, não comento com ninguém além da minha família as notícias mais detalhadas sobre eu e meus filhos. Mas sempre crendo que Deus está no controle de tudo.
Houve dias em que estive chorando sem parar, observando a mudança radical que, de fato, causei em toda a minha família. Mas Deus me deu o entendimento de que somente Ele pode me julgar e que eu não preciso ficar lendo coisas perversas que falam ao meu respeito sem saberem da minha história”, desabafou.
A mãe encerra com um versículo:
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará.”
LEIA O DEPOIMENTO COMPLETO NA ÍNTEGRA:
“Antes de tudo, morava sozinha, pois tenho minha casa, trabalhava, saía com amigos, sempre ia na casa da minha família, enfim, uma vida “normal”... até o meu primeiro filho nascer.
Minha primeira gestação, há dois anos e quatro meses, foi normal. Tive acompanhamento médico, a barriga cresceu, tive apoio da minha família e de alguns amigos, pois, quando descobri, contei para todos e estava ciente daquela gravidez — mesmo sabendo que seria mãe solo.
Segui minha vida sempre trabalhando e me dedicando ao máximo ao meu filho. Nunca faltou amor, alegria, cuidado, o que comer e vestir para nós.
Mas essa segunda gestação foi totalmente anormal. A barriga não cresceu como deveria. Não tive acompanhamento médico, nem apoio da família, muito menos de amigos, pois eu não acreditava que estava grávida. E, por isso, não compartilhei com NINGUÉM. Absolutamente ninguém sabia ao certo que eu estava gestante — nem mesmo eu.
Só acreditei que estava grávida quando me deparei com a criança em meus braços. Meu parto foi feito por Deus e por mim, e mais ninguém. Graças a Ele, sobrevivemos por um milagre.
Depois do parto, quando consegui me levantar, amamentei, limpei o bebê... e era como se eu estivesse anestesiada, sem acreditar em tudo que estava acontecendo conosco, me culpando por não ter o melhor para oferecer a ele.
Eu já estava em um período de depressão profunda. Mas nunca passou pela minha cabeça — muito menos pelo meu coração — matá-lo ou jogá-lo em algum lugar onde ele poderia morrer. Jamais pensei em fazer mal a ele. Tentei fazer o melhor naquele momento de desespero.
Até hoje eu não consigo entender por que tudo isso aconteceu conosco. Mas de uma coisa eu tenho certeza: DEUS SEMPRE ESTEVE NOS PROTEGENDO DE TODO O MAL.
Não consegui buscar atendimento médico nem para mim, nem para ele. Eu não conseguia pensar em nada. Tudo aconteceu por impulso. Eu estava frágil, sozinha, em um surto psicótico.
Quando cheguei naquela cidade, eu estava perdida, chorando o tempo todo, fora de mim... Mas lembro que deixei ele naquele lugar porque avistei uma pessoa e acreditei que ele seria levado ao atendimento médico, que seria cuidado. Acho que, no fundo, eu estava tentando protegê-lo.
Ao pegar a estrada de volta para casa, quase sofri um acidente. Eu chorava muito, minha vista estava comprometida, os pensamentos não paravam... Pensava em voltar para buscá-lo, mas ainda não acreditava que eu tinha dado à luz, sozinha, em casa, sem ninguém saber ou me ajudar... que eu tinha mais um filho. Eu não estava em mim. O surto foi muito forte.
Ao chegar em casa, entrei em desespero por ter feito o que fiz, achando que era o melhor — sendo que o melhor para ele sou eu, que sou a mãe.
Não tem um dia sequer em que eu não me culpe por tudo que fiz. Serei eternamente arrependida pelos momentos ruins que passamos.
Mas eu CREIO que DEUS sempre tem uma promessa e um propósito a ser vivido.
Depois disso tudo, minha mãe chegou, após ver nas redes sociais que diziam que era eu no vídeo das câmeras. Afinal, ninguém sabia de NADA.
Ela ligou para minha irmã ir ficar comigo. Eu não consegui abrir a porta, mas ela deu um jeito de entrar e ficou comigo até nossa mãe chegar.
Nesse período, eu só chorava, dizia que ia me matar pelo que fiz. E minha irmã permaneceu ao meu lado, me dando o apoio que podia, mesmo sem entender o que estava acontecendo. Mas jamais me abandonou.
Quando minha mãe chegou, desabei em seus braços. Ela me consolou, me deu remédios caseiros e, no dia seguinte, me levou até a Delegacia de Filadélfia.
Após prestar depoimento, fomos até a casa de apoio onde meu filho estava. Depois, seguimos para a Defensoria Pública, para lutar pelo direito à guarda dele. Jamais iríamos desistir de tê-lo conosco.
Depois disso, iniciei acompanhamento médico: clínico geral, ginecologista, psicólogo e psiquiatra. Após todas as consultas, comecei o tratamento, tomando as medicações para controlar a doença que me foi diagnosticada.
Hoje me encontro bem — tanto física quanto mentalmente. Ainda sem entender tudo o que passamos, mas crendo que dias melhores virão. Porque DEUS é o dono das nossas vidas.
Somente Ele tem autoridade para julgar e salvar os seus.
Sou grata por todos os livramentos e ensinamentos que estamos recebendo — não só eu e meus filhos, mas toda a minha família também, que sofreu muito com tudo isso. E que, depois de saberem o que realmente aconteceu, nunca me julgaram. Eles seguraram nas minhas mãos para que eu não caísse. Me deram — e ainda dão — o apoio que eu preciso. Com muito cuidado e amor.
Encerro com um versículo que se encontra em Salmo 37:5.
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