Confrontos, reféns e técnicas para fugir na mata: Relembre caçada que terminou com 18 mortos


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Operação Canguçu foi uma das maiores operações policiais do país — Foto: Arte g1
Operação Canguçu foi uma das maiores operações policiais do país — Foto: Arte g1

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Em 2023 o Tocantins presenciou uma das maiores ações policiais já realizadas no país. A ação mobilizou cerca de 350 policiais de cinco estados em uma verdadeira caçada a um grupo suspeito de assalto a uma transportadora. Foram os quase 40 dias de buscas que resultaram na morte de 18 suspeitos e prisão de outros cinco.

Para relembrar este momento que marcou o ano de 2023, o portal g1 da rede Globo preparou essa reportagem com os principais momentos da operação Canguçu. Relembre:

Tentativa de roubo frustrada


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Criminosos invadem base da PM em Confresa — Foto: Reprodução

A operação começou depois de uma tentativa de roubo a uma transportadora de valores em Confresa (MT), no dia 9 de abril. Os criminosos usaram a modalidade conhecida como ‘novo cangaço’. O bando com mais de 20 criminosos aterrorizou a cidade explodindo carros e casas, além de atacar um quartel da Polícia Militar.

Eles não conseguiram acessar o cofre da empresa e fugiram sem levar nada.

Eles calcularam que teriam três horas para arrombar o cofre da base de valores. Esse é o prazo que o Bope da Polícia Militar do Mato Grosso, que estava em Cuiabá, teria para chegar lá [em Confresa]. Então, com duas horas e meia eles abandonaram o cofre sem levar nenhum centavo. Não conseguiram arrombar e empreenderam fuga sentido ao Tocantins”, explicou comandante-geral da Polícia Militar do Tocantins, coronel Márcio Barbosa.

A fuga aconteceu por estradas rurais e pelos rios Araguaia e Javaés, até que os criminosos desembarcaram na região da Ilha do Bananal, perto do centro de Pesquisa Canguçu da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Nesta área foram feitos reféns e aconteceram os primeiros confrontos.

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Policiais durante buscas por criminosos durante a Operação Canguçu — Foto: Divulgação/PM

Início da caçada


O primeiro confronto dos criminosos com a Polícia Militar do Tocantins aconteceu no dia 10 de abril. Nos dias seguintes foram criados bloqueios em um perímetro de 50 quilômetros quadrados, restringindo o acesso à região.

Aulas foram suspensas, colheitas foram afetadas e o medo tomou conta da zona rural de pelo menos quatro municípios onde o grupo se espalhou.

“A gente orienta aos cidadãos para que eles diminuam sua rotina, fiquem mais em casa e em caso de algum contato com esses ladrões, que se reservem e atendam ao que os ladrões pedirem. Quando possível devem avisar a Polícia Militar, através do 190, ou qualquer policial que esteja patrulhando a cidade”, disse o coronel Francinaldo Bó, da PM do Tocantins, na época.


A fuga aconteceu por estradas rurais e pelos rios Araguaia e Javaés, até que os criminosos desembarcaram na região da Ilha do Bananal, perto do centro de Pesquisa Canguçu da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Nesta área foram feitos reféns e aconteceram os primeiros confrontos.

Início da caçada


O primeiro confronto dos criminosos com a Polícia Militar do Tocantins aconteceu no dia 10 de abril. Nos dias seguintes foram criados bloqueios em um perímetro de 50 quilômetros quadrados, restringindo o acesso à região.

Aulas foram suspensas, colheitas foram afetadas e o medo tomou conta da zona rural de pelo menos quatro municípios onde o grupo se espalhou.

“A gente orienta aos cidadãos para que eles diminuam sua rotina, fiquem mais em casa e em caso de algum contato com esses ladrões, que se reservem e atendam ao que os ladrões pedirem. Quando possível devem avisar a Polícia Militar, através do 190, ou qualquer policial que esteja patrulhando a cidade”, disse o coronel Francinaldo Bó, da PM do Tocantins, na época.

Os criminosos estavam armados com um verdadeiro arsenal de guerra: metralhadoras de grosso calibre, coletes balísticos, explosivos e fuzis capazes de derrubar helicópteros foram usados pelos assaltantes.

Ao longo das semanas seguintes foram registrados diversos confrontos com mortes na área rural. Nos primeiros 20 dias de buscas oito suspeitos foram mortos e outros dois acabaram presos.

Criminosos encurralados


Durante a fuga os criminosos tentaram usar táticas para despistar a polícia, passando dias escondidos em cima de árvores e usando sacos nos pés para disfarçar os rastros. Sem acesso comida eles começaram a se alimentar de frutas, milho e até sal usado na suplementação bovina.

Sem recursos e meios de fuga, alguns começaram a se aproximar cada vez mais das áreas urbanas em Marianópolis e no povoado Café da Roça, em Pium, onde também foram travados vários confrontos.

Áudios publicados nas redes sociais mostraram o medo da população: "Dois bandidos entraram em uma casa e os policiais viram e começou o tiroteio. Foi meia hora de tiroteio, estou me tremendo", disse uma moradora.

Além das centenas de policiais do Tocantins, Pará, Mato grosso, Goiás e Minas Gerais, as buscas contaram com aeronaves, embarcações, cães farejadores. A tecnologia foi importante aliada, pois foram usados drones termais que ajudaram a localizar o paradeiro dos criminosos.

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Danilo Ricardo, Raul Yuri, Eduardo Batista, Julimar Viana, Célio Carlos e José Cláudio — Foto: Reprodução

Foram mais de dez confrontos durante os quase 40 dias de cerco policial. Após o fim da operação o g1 e a TV Anhanguera conseguiram confirmar a identidade dos 18 mortos. Os homens eram naturais dos estados de SP, MA, PE, GO, BA, PA e tinham idades entre 27 e 62 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os corpos de todos foram entregues aos parentes.

Veja abaixo a relação dos suspeitos que morreram em confrontos com policiais:

- Danilo Ricardo Ferreira – 46 anos, morto no dia 10 de abril, natural de São Paulo (SP)

- Raul Yuri de Jesus Rodrigues – 29 anos, morto no dia 12 de abril, natural de Diadema (SP)

- Eduardo Batista Campos – 32 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Imperatriz (MA)

- Julimar Viana de Deus – 35 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Imperatriz (MA)

- Célio Carlos Monteiro – 62 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Avaré (SP)

- José Cláudio dos Santos Braz – 37 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Serra Talhada (PE)

- Matheus Fernandes Alves – 27 anos, morto no dia 22 de abril, natural de Goiânia (GO)

- Jonathan Camilo Melo de Sousa – 34 anos, morto no dia 27 de abril, natural de São Paulo (SP)

- Airton Magalhães Marques – 27 anos, morto no dia 29 de abril, natural de Salvador (BA)

- Luiz Gustavo Pereira dos Santos – 35 anos, morto no dia 1º de maio, natural de São Paulo (SP)

- Rafael Ferreira Pinto – 34 anos, morto no dia 1º de maio, natural de Osasco (SP)

- Ericson Lopes de Abreu – 31 anos, morto no dia 1º de maio, natural de Guarulhos (SP)

- Luis Silva – 46 anos, morto no dia 1º de maio, natural de São Miguel Arcanjo (SP)

- Gilvan Moraes da Silva – 45 anos, morto no dia 2 de maio, natural de Marabá (PA)

- Robson Moura dos Santos – 33 anos, morto no dia 2 de maio, natural de Jacundá (PA)

- Ronildo Alves dos Santos – 41 anos, morto no dia 8 de maio, natural de São Paulo (SP)

- Ricardo Aparecido da Silva – 39 anos, morto no dia 10 de maio, natural de Nova Odessa (SP)

- Janiel Ferreira Araújo – 43 anos, morto no dia 13 de maio, natural de Marabá (PA)

Menos de um mês após o fim da operação foram encontrados restos mortais dentro da área do cerco aos criminosos. O corpo estava em avançado estado de decomposição e sendo comido por um jacaré. Os restos mortais foram encaminhados para o Núcleo Especializado em Antropologia Forense e Odontologia Legal em Palmas.

Cinco suspeitos presos


Além dos mortos na operação, cinco suspeitos foram presos pelas forças policiais envolvidas. Dois deles foram capturados pela Polícia Militar na área do cerco da operação Canguçu e os outros três foram presos em Redenção (PA) e em Araguaína (TO) pela Polícia Civil de Mato Grosso.

Um dos presos foi apontado pela polícia como principal articulador da tentativa de roubo a transportadora de valores.

Outro suspeito contou detalhes do planejamento e disse que o grupo esperava roubar entre R$ 30 e R$ 40 milhões, mas não conseguiu levara nada porque a invasão demorou mais que o esperado e foram surpreendidos pelo sistema de defesa que disparou um tipo de gás na sala do cofre.

Encerramento da operação


As incursões da Canguçu foram encerradas oficialmente no dia 17 de maio, após 38 dias de buscas. Na época, a polícia informou que iniciaria uma segunda fase da operação onde seriam mantidos bloqueios e barreiras em rodovias, além da atuação do setor de inteligência.

Além das prisões e mortes, a operação também apreendeu 22 armas. Dentre elas dois fuzis .50 e 11 AK-47, carregadores, milhares de munições, coletes balísticos, capacetes balísticos, materiais explosivos e detonadores, além de coturnos, luvas, joelheiras, cotoveleiras, balaclavas e mochilas.

A operação foi encerrada sem baixas entre os policiais. Um militar chegou a ficar ferido após uma viatura capotar, porém, foi socorrido e recebeu alta pouco tempo depois. Durante cerimônia no quartel do comando-geral em Palmas, os policiais receberam medalhas e certificados de honra pela atuação.

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Policiais chegaram ao QCG nesta quinta-feira (18), fim da Operação Canguçu — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins


Fonte: G1/TO

Tags : Operação Canguçu, polícia, Tocantins, relembrar, momentos

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